As pessoas que frequentam o 11º agora devem conhecer este poema, visto que uma amiga minha, que anda nesse ano, tem-o no livro.
Uma vez eu sonhei que era uma borboleta,
voando entre as flores e arbustos do jardim.
Tudo era tão concreto e real
que em momento nenhum do meu sonho
suspeitei que a borboleta era eu
ou que eu fosse a borboleta.
Para todos os efeitos possíveis e imagináveis,
eu era, eu agia e eu realmente me sentia uma borboleta,
cumprindo o destino de uma borboleta qualquer.
De repente, eu acordei
e lá estava eu, sendo a pessoa que eu sempre fui
– ou que sempre imaginei ser.
Sei muito bem
que entre um homem e uma borboleta
há tantas diferenças fundamentais e insuperáveis
que a transformação de um no outro
é algo simplesmente impossível de acontecer no mundo real.
É por isso que, desde então,
eu nunca mais tive sossego
quanto à minha verdadeira identidade.
Pois não há nada que me permita saber,
com toda certeza e rigor,
sem nenhuma margem de dúvida,
se eu sou verdadeiramente um homem,
que um dia sonhou que era uma borboleta,
ou se eu sou uma borboleta,
sonhando que é um homem.
O que me meteu confusão, após ter lido o poema, foi uma pergunta que se encontrava por baixo a dizer "E nós? Seremos nós insectos a sonhar que somos humanos?". Meteu-me a maior das confusões dentro da cabeça e fiquei a interrogar-me sobre isso. E vocês, acham que somos nós insectos a sonhar que somos humanos? A verdade é que não há maneira de o provar.
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