Não me espetes as eternas facas da solidão pelas costas. Não me craves beijos vermelhos na minha face frágil. Há-de doer quando retirares ambas as coisas, há-de doer quando te retirares a ti próprio do sítio onde permaneces. Na minha mente.
Na minha mente gasta e ingénua, onde tu te encontras. É a tua casa e, quando eu faço questão que percas a chave, encontras sempre uma nova debaixo do tapete.
Entra, senta-te e sente-te à vontade enquanto ficas na minha mente. Mas lembra-te, há-de doer quando saíres de lá e a culpa é toda tua.
Que coração de espinhos!
Tristeza no olhar, dor no respirar e maldade no andar. Um coração com espinhos, procurando algo ou alguém por entre as ervas que lhe tapam os pés suaves.
Triste história, a da moça perdida no olhar da vida e no dele. Oh, no dele! Naquele mar verde onde ela se perdia por eternas horas. O mar verde onde ela se perdia de amores. O mar verde que tornou o seu coração num coração de espinhos! O tal coração que agora não bate de amor, mas bate contra as pequenas estacas afiadas e contra o sangue.
Coração de espinhos, moça dourada, perdida no mar verde procurando por ela mesma.
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